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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

AS MUTRETAS DO PIG, O GRUPO TIME LIFE E A GLOBO E A PERDA DO PODERIO DA IMPRENSA.







Estamos vivendo o lento ocaso dos grupos
radiodifusores, que dificilmente terão, no cenário da
Internet, o mesmo peso que tinham no mundo analógico”

Gustavo Gindre, 40 anos, é membro do Coletivo Intervozes e conselheiro
eleito pelo terceiro setor no Comitê Gestor da Internet (CGI.
br). Nesta entrevista, analisa os mercados de TV aberta e fechada,
o PL 29, o impacto da revolução digital, a Conferência de Comunicação,
a TV digital e o acaso da indústria fonográfica.

P: Com o fim da ditadura, a expectativa
era que o monopólio privado da Globo, um dos sustentáculos
daquele regime, ruísse.Um quarto de século depois,meia dúzia de famílias,
com os Marinhos à frente, continuamcontrolando a mídia no Brasil. Por que o país não avançou neste setor? Vamos continuar assim?


R: Roberto Marinho soube se
aproveitar muito bem do períodoimediatamente anteriorà ditadura militar e do pós-64para se constituir na voz doconservadorismo modernizador que então chegava ao poder.


Com isso, ele deixou de ser um mediano empresário de mídia para se tornar o dono de mais da metade do bolo publicitário
brasileiro.
Contudo, o projeto dos Marinho não estava
vinculado diretamente à ditadura e poderia sobreviver a
ela.
Para isso, os Marinho souberam
construir uma rede de proteção que os blindou contra
a ação de futuros governos.

 De um lado, a teia de concessões
de rádio e TV de suas afiliadas envolve quase todas as oligarquias regionais, que possuem um peso enorme no Congresso
Nacional.
De outro lado, aqueles que ousavam se insurgir eram massacrados na arena pública do telejornalismo deixando claro o alto preço a
ser pago.


 Assim, não foi surpresa que os sucessivos governos
tenham tido pouca, ou nenhuma, vontade de enfrentar o
problema da oligopolização da
mídia brasileira.
 E que a Constituiçãode 1988 tenha sido extremamente
tímida ao tratar da comunicação.

P: A novidade no setor televisivo
é a Record, um patinho feio
evangélico infiltrado no clube
das famílias que controlam
as grandes redes.
A Record representa
um sopro de renovação
ou apenas replica o modelo
verticalizado (produção inhouse
da programação) das outras
emissoras?
 É positivo para o
país ter um grupo de mídia tão
forte controlado por uma igreja
fundamentalista?


R: No seu surgimento, a Globo, graças ao acordo com o grupo
estadunidense Time-Life, pôde torrar muito dinheiro até adquirir
a liderança de audiência e um padrão técnico inéditos
no país.

 Esse acordo ilegal deu a Globo uma vantagem competitiva
que seus concorrentes não conseguiam alcançar. Agora, pela segunda vez na história, surge um radiodifusor que obtém recursos de fora do seu negócio e que pode passar um bom tempo gastando dinheiro até adquirir audiência e know
how.
O que a Record faz com a Universal é correlato ao que
a Globo fez com a Time-Life e justamente por isso assusta a
emissora dos Marinho.



Mas, embora represente concorrência a Record não inova
no modelo de negócios e não aporta no mercado nacional duas
características essenciais que são a produção regional e de caráter
independente.

Sem estes elementos democráticos a Record é apenas uma versão
piorada da vênus prateada.

Mas, eu não diria que a Record é ligada a uma igreja fundamentalista.
A Universal é uma mistura de preceitos pentecostais
e um target de mercado muito bem explorado.
 E essa combinação não faz nenhum
bem à democracia brasileira.

No uso do espectro eletromagnético
do rádio e da TV, um bem público e finito, este tipo
de prática que mistura negócio e religião deveria ser sumariamente
proibida.

P: Por favor, descreva o processo que levou o governo federal a convocar a Conferência de Comunicação?

 O que se pode esperar de concreto deste encontro?



R: O governo Lula representava uma grande esperança de mudança no campo da comunicação, mas, infelizmente, avançou muito pouco, após quase sete
anos.
 A Conferência surge, portanto, como uma resposta à insatisfação
dos movimentos sociais em relação às promessas de democratização da comunicação.
Uma tentativa de responder à sua base militante de sustentação
política.
 
Contudo, as pressões dos grandes grupos de mídia (instalados
também dentro do próprio (governo) vêm conseguindo
neutralizar o debate.
 Recentemente o governo assumiu como sendo sua a proposta de organização
da conferência feita pelos empresários e que impõe
40% de votos para os donos de meios de comunicação e a necessidade
de 60% +1 de votos para aprovar um tema.

 Ao agirassim, o governo deixou claro que as chances de mudar alguma
coisa no campo da comunicação são muito pequenas e
com isso a Conferência corre o risco de se tornar mais um elemento
de frustração.

Por outro lado, sua própria realização, com conferências municipais e estaduais, já colocou o tema da comunicação na agenda nacional e vem contribuindo para que rádios comunitárias, militantes pelo soft ware livre, canais comunitárias,
acadêmicos, sindicatos e as mais diferentes ONGs se reconheçam
como membros deum mesmo movimento social, que reivindica o exercício pleno do direito humano à comunicação.

Esse ganho (de organização
de um movimento social) talvez seja o melhor resultado da Conferência.
Até porque a luta não se encerrará nela.

P: O Brasil tem um setor de TV
aberta desproporcionalmente
grande, se comparado a outros
países. Por que a hegemonia
das redes de TV aberta sobreviveu
ao advento da TV paga
e novas tecnologias? Esta realidade
pode mudar com a Internet

R: Porque os grandes grupos
de mídia, com a Globo a frente,
privilegiaram a TV aberta
como carro-chefe de seus negócios
e não tinham nenhum interesse
em canibalizar a sua galinha
dos ovos de ouro.
Como estes mesmos grupos controlavam
a TV aberta, a TV paga foi
mantida em patamares “aceitáveis”,
ou seja, restrita às classes
A e B. Hoje a penetração da TV
paga é de apenas 12% dos domicílios,
contra mais de 90% da
TV aberta.

A Internet apresenta duas
grandes mudanças nesse cenário.
De um lado, a convergência tecnológica traz para o mercado
de mídia as gigantes de telecomunicações,
cujo faturamento é algumas vezes superior ao
conjunto da mídia nacional, inclusive a Globo, e uma presença muito maior de capitais transnacionais.

De outro lado, a Internet impõe
um cenário de mídias interativas que contraria todo o modelo de negócio da radiodifusão.

A Globo, por exemplo, consolidou um modelo de negócio
onde ela detinha quase 100% do controle editorial de
seus conteúdos e isso não é replicável
na Internet.

Creio que estamos vivendo o lento ocaso dos grupos radiodifusores,
que dificilmente terão, no cenário da Internet, o mesmo
peso que tinham no mundo analógico. Isso, por outro lado,
não significa que o cenário será melhor, mas, apenas, que será
diferente, com novos desafios.



Entrevista - Gustavo Gindre
A aparente contradição entre o fuzilamento que o governo Lula(AGORA DILMA) sofre na mídia e os seus índices de popularidade é uma prova desse fenômeno.
Infelizmente , parece que apenas o governo Lula(dilma) ainda não percebeu isso e se mantém numa postura dócil em relação aos grandes grupos de mídia.

Leia no Jornal dos Economistas setembro/2009Nº242 , no endereço abaixo:
A entrevista inicia na página 7 e termina na página 9 do arquivo em PDF.



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