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segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Óleo de peroba para o senador da praia do Lido, no Leblon, Aécio Neves.

Aécio Neves, hipocrisia? Não, é como FHC, outro, Tartufo, de Molliere.

O senador Aécio, ex-deputado federal, ex-presidente da Câmara dos Deputados, ex-líder de FHC e ex-governador de Minas Gerais, agora reclama da ausente reforma política.



Referindo-se a uma imprecisa “história recente”, ele tenta se blindar dizendo que nenhum governo “foi capaz de lidar com o vespeiro da política, preferindo o caminho da acomodação dos interesses para acolher um quadro partidário sempre favorável ao governismo”.


Na sequência, ele repete o diagnóstico raso, que qualquer estudante de ciências sociais faz com mais competência, aplicando a fórmula desenvolvida em 1973, pelo professor Gláucio Soares: a partir do “índice de fragmentação partidária”, conclui-se que a representação partidária nas casas legislativas é expressão do varejo partidário de nosso sistema político.


De te fabula narratus (esta fábula fala  de ti).  


Vejamos na Assembleia Legislativa de Minas Gerais como funciona o governismo por ele inaugurado em 2003: são 19 partidos em que se acomodam os 77 deputados.

Três partidos são formalmente de oposição: PT, PMDB e PCdoB, que formavam um “Bloco Parlamentar” com o PRB, de oposição ao governo tucano.

Por razões nada filosóficas, esse bloco foi desfeito e parte de seus componentes passaram à base do governo do PSDB. As outras 16 agremiações, algumas com “bancadas” de um ou dois membros, se acotovelam nas rampas da sede do governo, à espera de alguma benesse.


A distribuição de cargos, sem os tais critérios meritocráticos, é acintosa.

O privilégio para a “liberação de emendas” para os amigos também.


E sua imposição de unidade desses partidos nas eleições de BH, em torno de um candidato que não era do PSDB e que compõe também a base do governo federal, revela os vícios que ele diz combater, mas dos quais também é dependente.


Esse sistema poderia ter sido mudado no governo FHC, sob a liderança do então deputado Neves.

Ele, aliás, nunca nos esqueceremos, foi beneficiário do “sistema político” que agora diz querer reformar: Antônio Carlos Magalhães o presenteou com a rádio Arco-Íris em 1987!

Vinte e três anos depois descobrimos que essa rádio pertencia à irmã Andréa  e à sua genitora e que estava recebendo verbas públicas para acolher carros de luxo, de uso privado do ex-governador.

E que a mesma rádio retornou em 28 de dezembro de 2010 ao seu controle, em clara operação triangulada, que visava restabelecer a propriedade ocultada por mais de uma década.

Sabemos de sua insinceridade quando ele elogia o STF agora. Se houver coerência da PGR e do STF, seu próprio mandato de senador não chegará ao fim.

Se a teoria e a doutrina “do domínio do fato” forem a ele aplicadas, Aécio Neves não tem como escapar. Isso sem falar em outros diamantes da política que brilham em sua carreira.


No entanto, seu trôpego elogio à “Corte Suprema” revela algo de interessante: com a falência múltipla do DEM, do PPS e de seu PSDB, como esteio de um projeto de poder e de governo no Brasil, restou às instituições do próprio Estado, exercerem o papel de oposição partidária ao governo liderado pelo PT.


Quando Aécio clama por reforma política, na prática, ele quer é a salvação dos partidos que lhe são servis. E ao mesmo tempo ele assume sua derrota eleitoral em Minas Gerais



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